terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Risotto ao mirtilo e cebolinha para minha mãe, outra vez!



Depois de um longo inverno (para ela) e um longo verão (para mim) minha mãe veio nos visitar. Isto aconteceu em fins de janeiro, quando a temperatura estava incrivelmente suportável e amena e os últimos mirtilos abundavam nos mercados e feiras.

Aproveitei a conjunção propícia dos astros e preparei este risotto espetaculoso bem da cor favorita de mumis, que na verdade verdadeira é lilás -mas este bordeaux parede-gracinha-da-casa-da-minha-irmã tocou o seu coração ;-)

É um risotto diferentão, preparado com vinho tinto e que não se utiliza queijo. O sabor do mirtilo se mistura ao tinto da uva, deixando um rastro azedinho frutado em cada garfada.  Costumo servir apenas acompanhado de uma salada leve de folhas verdes, mas acho que combinaria bem com carnes, em especial as de caça.

Para os desconfiados digo-lhes que o resultado não é um prato doce, mas de sabores suaves. Como já postei algumas receitas de risotto aqui no blog, não vou detalhar muito o preparo como fiz neste post aqui, pois realmente não foge ao preparo de um risotto qualquer, ou seja, é mais fácil do que você imagina!


Risotto ao mirtilo e cebolinha

receita do site italiano Giallo Zafferano
tempo de preparo: 30 min.
rendimento: 4 porções civilizadas ;-)



Ingredientes:
  • 1 e 1/2 xíc. de arroz arbóreo ou carnaroli (usei arbório italiano divino que o Chéri trouxe e percebi que a qualidade faz a maior diferença -nem todo arbóreo é bom);
  • 1l. de caldo de legumes (nunca utilizo tudo mas nestes casos é melhor sobrar do que faltar caldo no meio do cozimento, e também recomendo aqui o caldo mais suave possível: cenoura, cebola, aipo,  e alguma erva fresca como tomilho ou louro);
  • 200g de mirtilo (fresco ou congelado) + alguns para decorar;
  • 20g de manteiga + 1 c. sopa para finalizar o risotto;
  • 1 xíc de vinho tinto seco (usei um carmenere chileno básico, mas usaria um pinot noir se a ocasião fosse romântica ;-);
  • 1 c. sopa de cebolinha picada;
  • alguns talinhos de cebolinha para decorar;
Preparo:
  1. Faça o mise en place, deiaxndo todos os ingredientes á mão e já prontos para 'entrar em cena'. Prepare e mantenha o caldo aquecido, lave os mirtilos, pique a cebolinha, meça o vinho e o arroz, etc;
  2. Reserve um punhado de mirtilos para decorar e despeje o restante numa panela com os 20g de manteiga. Cozinhe em fogo bem baixo até a manteiga derreter e os mirtilos amaciarem, abrirem um pouco a casca (cerca 10 min.);
  3. Retire do fogo e processe os mirtilos com um mixer até obter um purê homogêneo. Reserve;
  4. Numa panela grande de boca larga e fundo grosso derreta um pouco de manteiga, despeje o arroz arbóreo e a cebolinha picada e mexa por alguns minutos com uma colher de pau, cuidando para o arroz não queimar;
  5. Despeje o vinho tinto, enebrie-se com o aroma e continue mexendo frequentemente. Antes de secar o vinho comece a despejar o caldo de legumes aquecido, uma concha por vez,a té os grãos cozinharem al dente (macios nas beiradas e com uma certa resistência á mordida no centro);
  6. Um pouco antes de chegar à consistência almejada, despeje o purê de mirtilos e misture com a colher de pau;
  7. Adicione o sal, prove, e acerte se necessário;
  8. Desligue o fogo,  misture a colher de sopa restante de manteiga delicadamente, tampe a panela e aguarde uns minutinhos para servir;
  9. Distribua as porções nos pratos, decore com alguns mirtilos e cebolinhas e sirva imediatamente.


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Quinoa, milho verde e abacate ao molho de mel e limão: uma combinação surpreendente.





Na tentativa de preparar um jantar rápido e com apenas o que tinha em casa deparei-me com o universo limitado de cebolas, limões, abacate e os grãos da minha dispensa minimalista... aí até me senti no programa "Chopped", aquele em que os chefs tem de executar pratos criativos e saborosos num tempo ridiculamente curto e com ingredientes surpresas que sugerem combinações esdrúxulas.

Limão e abacate... hummm... é o que temos- é o que será! Então escolhi logo a quinoa porque era o grão de cozimento mais rápido que tinha em mãos. No caminho havia uma lata de milho verde que foi imediatamente fisgada. Pausa para dizer que até me provarem o contrário o milho verde em lata é conservado em apenas água e sal, então liberei geral o uso da latinha que recebemos mensalmente na cesta básica do Chéri. 

E funcionou! Com os sabores da guacamole em mente resolvi juntar limão para dar brilho ao sabor amanteigado do abacate e de quebra, quebrar o doce do milho verde. Inventei na hora uma espécie de vinaigrette que despejei por cima do refogado depois de pronto, logo após adicionar o abacate fatiado. Misturei com cuidado para conservar as fatias firmes da fruta e servi para os meus críticos residentes.

O pequeno não teve nem tempo de questionar o que estava em seu prato, provou, gostou e devorou, simples assim. Mas o Chéri ficou desconfiado... milho com abacate, eu sei, eu sei... mas o limãozinho vai equilibrar tudo... espero! E foi o que se deu: cítrico na medida, doce na medida, amanteigado na medida... estava delicioso, comemos tudo e corremos bem nutridos para o cinema, deixando a pipoca para lá!

Refogado de quinoa, milho verde e abacate
rendimento: 2 -3 porções
tempo de preparo: 20 min.

Ingredientes:
  • 1/2 xíc de quinoa crua;
  • 1 cebola pequena cortada em fatias finas;
  • 1 xíc. de milho verde cozido;
  • 1/2 abacate (maduro mas firme) cortado em fatias;
  • cebolinha picada à gosto;
  • sal e azeite;
Para o molhinho de mel e limão:
  • suco de 1/2 limão;
  • 1 pitada de sal;
  • 1 c. sopa de mel (usei nectar de agave);
  • 2 c. sopa de azeite extra virgem;
Preparo do molho: numa tigelinha despeje o limão espremido e acrescente o sal. Misture bem com um fouet de arame. Acrescente o mel e bata novamente para tudo misturar bem. Por último acrescente o azeite uma colher de cada vez, experimentando a cada adição, até sentir os sabores equilibrados (sem muita acidez ou sem muito gosto de azeite, de acordo com a sua preferência)

Preparo:
  1. Cozinhe a quinoa enquanto prepara os outros ingredientes: numa panela pequena despeje a quinoa e junte 1 xícara de água. Deixe ferver, diminua para fogo médio e espere os grãos absorverem todo o líquido. Verifique constantemente a textura dos grãos (eu gosto deles al dente) e o nível da água e adicione um pouco mais de água fervente caso necessário. Escorra os grãos numa peneira e reserve;
  2. Numa frigideira de bordas altas doure as cebolas no azeite e acrescente o milho verde. Refogue por alguns minutos, junte a cebolinha e acrescente o sal;
  3. Despeje os grãos de quinoa e refogue por mais alguns instantes, apenas o suficiente para os sabores interagirem. Acerte o sal e desligue o fogo. Tampe a frigideira para manter o reofgado aquecido enquanto prepara o molho, casa já não o tenha preparado antes;
  4. Despeje o refogado na tigela de servir e junte o abacate e o molho. Misture cuidadosamente para não desfazer as fatias macias do abacate. Sirva quente ou frio.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Batatas picantes à moda cajun e suas revelações


Estou namorando esta receita desde que adquiri o livro "Sabores da horta: receitas perfeitas para cada estação do ano", mas nunca conseguia prepará-la... no meio da semana fazemos refeições mais leves e os últimos fins de semana foram atípicos e atribulados de afazeres que não nos deram a calma suficiente para apreciar o que saía da cozinha.

Até que minha irmã garouta carióóca veio nos visitar e como de praxe requisitou bons quitutes para o jantar. É claro que quando recebo meus queridos abro mão dos bons hábitos frugais em nome de outro ainda melhor: o desfrute à mesa em boa companhia! Em outras palavras: dane-se a dieta e bora comer batatas e beber vinho com a manusca !

E mais uma vez a receita surpreendeu, alçando o livro de onde veio à categoria revelação do ano da minha modesta estante de culinária! Não posso dizer que é um livro altamente explicativo, detalhista, e às vezes até sinto falta de maiores informações como a temperatura do fogo para o cozimento, em qual grade assar, e se é preciso untar a bancada para trabalhar a massa, por exemplo.

Mas por outro lado, o livro traz técnicas até então desconhecidas por mim como de armazenamento e conserva de alimentos, dentre outras. E mesmo que seja a tradução de um livro americano, suas receitas trazem ingredientes cotidianos da minha dispensa em combinações simples e surpreendentes.

E outra revelação provocada por esta receita é a origem da culinária Cajun, que, ao contrário do que pensava até então (de origem mexicana, dããããã), o termo Cajun deriva da denominação "Acadia" -uma colônia francesa de emigrantes -os Acadians- assentada na costa nordeste da América do Norte, incluindo regiões do Canadá e EUA, desde o século XVII. Após disputas de território este pessoar migrou para o sul dos States, precisamente para o estado da Louisiana, na região em que ficou conhecida como Acadiana. Desde então, em contato com outras culturas como a nativa americana, caribenha, africana, espanhola e portuguesa, a riqueza da culinária cajun se expressa de maneira rústica e pratos executados com simplicidade, embora conste uma miríade de temperos em seu repertório: pimentão, cebola e salsão compõem a santíssima trindade desta cuinária (no linguajar dos chefs, conforme informa a santa mãe onisciente wikipedia) e pimenta cayenne, louro, salsa e cebolinha também são sabores predominantes.

Este foi meu rápido e panorâmico olhar sobre a cultura e culinária cajun, o suficiente para provocar cócegas e erupções de interesse e para pensar seriamente em conhecer o Mississippi nas próximas férias ;-)

Nesta receita também se utiliza páprica e seu sabor fica bastante acentuado no prato. O limão cortado em fatias e assado juntamente com as batatas mostrou-se uma técnica bem eficiente na mistura dos sabores. As batatas devem ser de boa qualidade, poís é a estrela do prato. Ficam suculentas e aromáticas... Servi acompanhada de salada de agrião e um bom e alto filé mignon ao ponto.

Só sobraram os limões para contar história, exceto aquele que meu filho distraídamente comeu logo na primeira garfada, pensando que era uma batata... embora eu tenha avisado a todos para cuidarem dos limões! Então recomendo que vc retire as fatias de limão antes de levar à mesa, é o que farei da próxima vez.



Batatas picantes à moda cajun
receita do livro prêmio revelação da minha estante: "Sabores da Horta -receitas perfeitas para cada estação do ano (apenas reduzi as quantidades para servir para 4 pessoas e com o que tinha em casa)

tempo de preparo: 10 min + 30-40 de cozimento no forno
rendimento: 6 porções

Ingredientes:
  • 4 batatas com casca (usei 1 batatéu enorme, daqueles de assar e rechear);
  • 1 limão cortado em seis fatias (usei siciliano);
  • 12 dentes de alho (usei 8 dentes);
  • 3 cebolas roxas cortadas em 8 fatias cada (no sentido longitudinal, não em rodelas... corte ao meio, cada banda ao meio e cada quarto ao meio) utilizei 1 roxa e 1 branca;
  • 4 folhas de louro (usei 3);
  • 3 c. sopa de suco de limão;
  • 1 colher de sopa de purê de tomate (utilizei um resto de molho picante de tomate para tacos que já tinha em casa);
  • sal e pimenta do reino moída na hora;
  • 1 c. chá de páprica;
  • 1/2 c. chá de pimenta cayenne;
  • 1 c. chá de orégano (colhi frescos do meu quintal);
  • 1 c. chá de tomilho (tb fresquinho do meu quintal);
  • 1/2 c. chá de cominho moído;
  • 6 c. sopa de azeite extravirgem;
  • 6 c. sopa de água;
*adicionei por conta e risco uma ponta de colher de chá da minha conserva de pimenta habanero chocolate mega blaster picante)

Preparo:
  1. Préaqueça o forno a 200ºC e ferva água numa panela grande;
  2. Corte as batatas em fatias grossas e cozinhe por 3 minutos na água fervente com um pitada de sal;
  3. Escorra bem e coloque-as numa assadeira de beiradas baixas com o limão em fatias, o alho, a cebola e o louro;
  4. Numa tigela ou jarra misture o restante dos ingredientes com 6 c. sopa de água e despeje sobre as batatas por igual, misturando tudo para cobri-las bem;
  5. Asse (eu assei na grade do meio) por 30-40 minutos, até as batatas ficarem al dente e o líquido secar. Vire-as durante o cozimento usando uma espátula. Sirva quente.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Um jantar frugal com salada de agriao, laranja, endívias e molho de iogurte grego



Às vezes me perco e desvio do caminho das coisas simples. Mas então basta um momento de tranquilidade e contemplação e me dou conta de um céu azul magnífico e uma brisa fresca batendo no corpo todo. E então me dá vontade de cuidar da horta e dar uma corrida na minha praçona. Passeio os cachorros, alimento os gatos e sem tratos à bola resolvo o jantar.



 O agrião é de nossa modesta safra de 4 pés e nunca experimentei sabor mais picante e folhas  mais rijas. O molho de iogurte grego foi invenção do Chéri e é tão simples quanto bom: 1/2 xícara de iogurte grego, 2 pimentas vermelhas frescas picadinhas, 3 talos de cebolinha picada, um fio de azeite, um squeeze de limão siciliano e sal e pimenta mopida na hora. Mexe tudo, bota para resfriar e fica excelente com salada, em sanduíche ou barquinhas de endívia.

A laranja finamente cortada foi outra surpresa do Chéri -suave como a sensação de plenitude que os prazeres simples da vida me dão :-)