quarta-feira, 30 de abril de 2014

Curry de grão de bico, abóbora e leite de côco em um lindo dia de outono






Ando simplesmente nos céus nestes últimos dias. Respirar fundo e sentir o frescor do ar entrando nos pulmões, abusar do mocowear* que consiste basicamente em blusa de moletom e meias compridas amarrando por fora a boca da calça de pijama de flanela (no maior estilo bombacha) e curtir o céu turquesa e o sol amigo na minha praçona/parque são alguns dos meus  privilégios de outono. 

Ligar o forno e assar quitutes por três horas sem derreter de calor ou transformar a casa inteira numa estufa é outra alegria desta época. E assar quitutes nutritivos e bem apimentados começam a parecer uma ótima opção para um almoço despretensioso de domingo.

Com tempo para demolhar o grão de bico, cozinhá-lo sem pressa (apenas com sal) na panela de barro capixaba e ler com atenção as instruções da embalagem do arroz basmati que se vai preparar pela primeira vez**, aproveitei para assar um bom naco de abóbora cabotiá, entre uma e outra tarefa de arrumação e limpeza da casa. 

Depois foi só misturar a pasta de curry vermelho com duas colheres de óleo de amendoim e 1 garrafinha de leite de coco e jogar por cima do grão de bico escorrido, da abóbora assada cortada em cubinhos, de meia cebola cortada em cubinhos também e uma xícara de amendoim torrado e salgado misturados num refratário fofo que irá para a mesa (menos louça suja, mais economia de água e do meu precioso tempo dedicado ao ócio domingueiro).

 Com o forno já aquecido em 230ºC esquentei tudo por uns 15 minutinhos enquanto cozinhava o arroz e voilà: Comida thaindiana à mesa, só com ingredientes da despensa, saudáveis e sazonais e com direito à marmitinha para o almoço do trabalho no dia seguinte. 

*roupa de mocoronga
** diferente do arroz comum, pede-se para deixar de molho em água morna o arroz basmati por 1h, antes de cozinha-lo com água fervente (1xíc de arroz: 1/2 xícara de água)

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Risotto de lula para minha mãe, mais um.






Não é planejado mas já virou tradição: toda visita da minha mãe preparo um risotto. Não é só porque é fácil e rápido e nem sempre é para fazer a limpa na geladeira. 

Desta vez calhou de irmos no sábado à feira do Cambuí onde há uma barraca incrível de peixe e frutos do mar. Tudo muito fresco e apetitoso. Como não gosto de comprar peixe congelado aproveitei a oportunidade para levar umas belezinhas de lulas para casa. 

O resto dos ingredientes já havia na despensa, então que me livrei do mercado e descompliquei o almoço para aproveitar melhor a companhia da minha mãe e o sossego de passar um fim de semana em casa com o Chéri. 

Enfim, foi rápido e fácil ;-) e o risotto ficou delicioso, super luludo e tentaculudo... coisa que nenhum restaurante faz por você. 

Só uma ressalva: misturei um pacotinho de tinta de lula em uma porção do caldo mas como os anéis de lula juntaram mais líquido ao risotto do que eu imaginava, não pude despejar toda a tinta com medo de passar o ponto al dente do arroz e deixar a lula borrachuda. 

Para um risotto mais pretinho juntarei a lula um pouco mais perto do fim do cozimento. Fora isto, ficou um risotto delicioso e fácil de preparar. 

Bom para oferecer à mãe que adora frutos do mar e fica sempre tempo insuficiente para colocar todo o papo em dia com a filha. 


Risotto de lula
rendimento: 4 porções
tempo de preparo: 30 minutos



Ingredientes:
  • 1,5 litro de caldo de peixe ou legumes;
  • 1 pacotinho de tinta de lula (opcional, para deixar o risotto escuro);
  • 1,5 xíc de vinho branco seco;
  • 2 xícaras de arroz arbóreo ou carnaroli;
  • 1kg de lula (ou quatro lulas médias) limpas e cortadas em anéis. Reserve os tentáculos para a decoração;
  • 1/2 cebola picada;
  • 4 dentes de alho picados;
  • 1 xíc. de queijo pecorino  ralado;
  • 50g de manteiga (ou o quanto baste para você)!;
  • sal e azeite 

Preparo:
  1. Despeje o caldo de peixe numa panela e mantenha aquecido em fogo baixo durante todo o preparo;
  2. Numa frigideira grande de beiradas altas ou numa panela larga de fundo grosso derreta metade da manteiga com um fio de azeite;
  3. Despeje a cebola e refogue até murchar;
  4. Despeje o alho e refogue até começar a dourar;
  5. Despeje o arroz e refogue até os grãozinhos ficarem transparentes nas pontas;
  6. Despeje o vinho branco (aumente o fogo se estava no médio) e deixe absorver, mexendo sempre;
  7. Antes de secar completamente o vinho despeje uma concha de caldo e mexa até quase secar;
  8. Repita a operação por quantas vezes for necessário para os grãos cozinharem al dente;
  9. Na metade do cozimento do grão (macio por fora mas com uma consistência arenosa bem no miolo) despeje os anéis de lula e mexa constantemente;
  10. Reserve uma concha de caldo numa tigela e misture a tinta de lula. Despeje no arroz e acerte o sal;
  11. Vá acrescentando o caldo aos poucos, sempre antes de secar o já existente, até os grãos ficarem al dente e os anéis de lula cozidos;
  12. Esquente uma frigideira com azeite e alho picado e refogue os tentáculos reservados;
  13. Desligue o fogo do risotto, acrescente o pecorino ralado e a outra metade da manteiga. misture e tampe enquanto finaliza os tentáculos;
  14. Sirva imediatamente, decorando cada prato com um punhado de tentáculos;






quarta-feira, 16 de abril de 2014

Biscoitinhos amanteigados de limão siciliano para a mãe do bebê "M" e novidades





Hoje vou a um chá de fralda de uma colega muito querida do meu trabalho e decidi preparar estes mimos para ela. 

O biscoitinho é feito com a massa sablée, a massa mais suave, macia e delicada que já usei...e por isso um pouco trabalhosa para abrir e cortar também, mas nada que boa vontade e paciência (de esperar gelar a massa alguns minutos entre uma e outra fornada) não resolvam, como sempre. 

Há um mês iniciei um curso profissionalizante de confeitaria porque cada vez mais penso em flertar com o mundo das comidas de um jeito mais intenso, constante e criativo. Este imagino que será um assunto recorrente neste ano no blog mas hoje o que gostaria de dizer é que a receita vem de lá. Da minha primeira aula prática, em que me diverti conhecendo pessoas interessantes e aprendi muito com o meu professor que faz parecer a coisa mais simples do universo moldar micro canudinhos perfeitos de chocolate preto e branco. 

Comecei a aprender o que mais me levou a fazer o curso: como cada ingrediente age numa receita e assim controlando e prevendo modificações e os resultados das receitas. Porque eu tenho siricotico para inventar moda em uma receita e realmente gosto de fazer isso. Ao pé da letra quando muito é só na primeira vez ;-)

A outra novidade é que finalmente melhorei meu equipamento fotográfico, que antes consistia numa câmera mequetrefe de um aparelho meia boca LG e agora é um ipod 5 com lentes olloclip que estou pirando. Passo 1 rumo ao equipamento profissional que custa os olhos da cara. Antes vem a kitchen Aid. 

Acho que os benefícios destas novidades serão notadas por aqui... enquanto isto desejo a querida mamãe do babe "m" (meu palpite é Tomás ou Samuel ou Benjamim)  um ótimo descanso e curtição até o pequeno chegar e encher a casa de alegria.


Biscoitinhos amanteigados de limão siciliano
receita ligeiramente adaptada do livro de confeitaria profissional do curso (vide link acima)

rendimento: 60 biscoitinhos (depende do tamanho e espessura)

tempo de preparo: 20 min + 1h de descanso na geladeira + 30 min para abrir toda a massa e + 10min para cada fornada.


Ingredientes:

  • 100g de açúcar confeiteiro;
  • 175g de manteiga;
  • 80g de amido de milho;
  • 1 gema;
  • 1 c. chá de extrato natural de baunilha;
  • 175g de farinha de trigo;
  • raspas de 1 limão siciliano (ou dois para um sabor mais acentuado);

Preparo:
  1. Bata na batedeira em velocidade média a manteiga e o açúcar até obter uma mistura clara e bem cremosa;
  2. Junte a gema, as raspas de limão e o extrato de baunilha e bata até incorporar;
  3. Com uma espátula incorpore a farinha e o amido peneirados até formar uma bola. A massa é bem suave e esfarela se você pressioná-la com força;
  4. Embrulhe num papel plástico e leve à geladeira por 1h ou até firmar;
  5. Pré aqueça o forno em 180-175ºC e forre duas ou mais assadeiras (de beiradas baixas, preferencialmente) com papel manteiga ou tapetinhos de silicone;
  6. Numa superfície limpa e lisa divida a massa em dois e abra com o rolo até a espessura de sua preferência (quanto mais fina mais difícil cortar). Dica1: antes de abrir coloque a massa dentro de um saco plástico e abra com o rolo. Não gruda!;
  7. Corte com os cortadores de sua preferência, apenas observando se os biscoitos saem do mesmo tamanho porque serão assados juntos. Dica2: se necessário, volte a massa para a geladeira para firmar mais um pouco antes de abrir novamente;
  8. A massa não cresce nem espalha consideravelmente, então disponha na assadeira os biscoitos cortados com 0,5cm de distância entre eles; 
  9. Asse cada fornada por aproximadamente 10 minutos ou até que a superfície dos biscoitos fique opaca. Retire do forno e deixe esfriar antes de remover da assadeira;
  10. Guarde os biscoitinhos por até 3 dias num recipiente hermeticamente fechado. Após este tempo eles começam a murchar.









sexta-feira, 11 de abril de 2014

Inspirações de sexta-feira: uma espiada nas coisas legais que vejo por aí #4 - comidinhas de cinema e cinema de comidinhas




1. Chips de maçã é o que vou fazer assim que meu fim de semana começar (i. e., após às 17h). Depois é só escolher alguns filmes da minha lista e deixar baixando enquanto vou para gym queimar as últimas calorias da semana, pois até segunda serão apenas ganhos ;-)

2. Projeto inspirador de pallets para sessões de cinema ao maratona de seriados. No pinterest encontrei 'n' ideias interessantes para se fazer com pallets.  Próximo passo cantar o cunhado arquiteto para  encampar algum deles para a casa do "refúgio nas montanhas".

3. Cena da Minny, personagem "porreta" do filme  "The Help" (em português "Histórias Cruzadas") Para além de muita comida à mesa e várias narrativas tecidas a partir delas é uma história rica ambientada no Mississippi dos anos 60, contada com sensibilidade (sem pieguice) e um ótimo humor ... uma das maiores surpresas do ano passado (ou retrasado?). A food and wine fez uma coletânea de várias receitas inspiradas no filme e na culinária da região;

4. Outra excelente surpresa, cena do filme "Io sono l'amore" (não lembro o título em português), uma história forte, sensual e repleta de prazeres à mesa e a outros cantos... e que me surpreendeu também em constar nesta lista das dez melhores cenas de comida em filmes, por se tratar de um filme não comercial. Vale a pena conferir a lista porque com exceção de algumas obviedades traz títulos desconhecidos do grande público;

5. Pipoca. Sem mais palavras. Tem que ter. feita em casa é mil vezes melhor e descobri este blog que reuniu receitas irresistíveis e diferentosas, como esta da foto, de bacon e caramelo. Miam Miam. 

6. Última dica de filme desta série é o "Le saveurs du palais" (em português literalmente Os sabores do Palácio) que conta a história de Danièle Delpeuch, uma cozinheira entusiasta de uma culinária simples, autêntica, local, sazonal e de ingredientes de excelente qualidade (como me identifiquei!) e sua relação com o trabalho que assumiu no Palácio Saint Honoré em Paris, quando foi "intimada" a aceitar o comando da cozinha do presidente François Miterrand. 

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Risotto caipira de linguiça curada e queijo da Serra da Canastra





Com a visita tão esperada das minhas irmãs: a  loiruda praticamente alemã e a garouta carioca suíngue sangue bom, propusemos um roteiro rural no fim de semana, com direito à mergulho na cachoeira, doces de doçaria do interior (creminho de padaria, coalhada com calda de figo e geladão de abacaxi), conferência de patos, gansos, galos, galinhas, pintos, galinhas d'angola, etc., degustação de licores caseiros e cachaças branquinhas (as preferidas do Chéri que aprendi a apreciar), muita prosa fiada e aquela sensação de sossego que conseguimos vivenciar quando extraímos prazer em simplesmente estarmos cercados de verde,  ouvindo o mugido lânguido de uma vaca malhada cortando o canto de algum passarinho escondido no mato. 

Paz interior. Observância do momento presente. Tão simples e tão difícil de se conseguir. 

E daí que para outra receita de risotto (em que apenas os elementos se diferenciam) deixo registrado neste blog que guarda minhas memórias, um episódio muito feliz da minha vida: um tempo delicioso passado com minhas queridas-irmãs-maior-presente-do-mundo. 

Voltamos para casa (infelizmente cada uma para a sua -e isto significa milhas e milhas distantes) com goiabada cascão, doce de leite em penca, queijo da Serra da Canastra, galões de água mineral, rios de saudades e uma vontade monstra de preparar uma refeição caipira. 

Como estou "passando" o leitão à pururuca, preparei este risotto aberto na cachaça (ao invés de vinho branco), com linguicinha curada (e apimentada) cortada em cubinhos e muito queijo da Serra da Canastra também picado em cubinhos.

O preparo, como já disse, é o mesmo destes todos que já postei aqui, apenas acrescente na metade do cozimento a linguiça e no fim, faltando, uma ou duas conchas de clado para atingir a consistência desejada do arroz, adicione os cubinhos de queijo da Canastra. No fim, para não macular a integridade brasileira do prato, substitui o parmesão por queijo meia cura ralado.

Adoramos o resultado e achei bem interessante o sabor... lá no fundo, bem suave, da cachaça ao invés do vinho branco.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Bom dia abril! Cozinhando com os alimentos da estação






Após um fim de semana em Serra Negra, onde os ares frescos são mais sensíveis, o azul do céu mais turquesa e o verde é mais viçoso e já pontilhado de amarelos, escrevo este post imbuída no espírito outonal.

Embora não tão marcadas, as transformações de clima e paisagem que ocorrem ao meu redor não passam despercebidas e, ainda que eventualmente com algum esforço, faço questão de sentir e experimentar a sazonalidade. 

O lençol fino que cobre a pele na madrugada, um ventinho fresco no entardecer e quaresmeiras roxas enfeitando a vizinhança com seus tons roxáceos são amostras prosaicas do outono que se anuncia. E notar os alimentos na feira e nos mercados também é um bom exercício de fruição: além de novas frutas, verduras e legumes darem o ar de sua graça, aqueles mais comuns, que encontramos o ano inteiro, se consumidos em sua época certa são mais saborosos e com certeza mais econômicos. É o caso, por exemplo, do mamão formosa e da maçã gala. Experimente um agora e lembre-se do que comeu em novembro... a diferença não está apenas no bolso. 

Uma grande ajuda, já comentei outras vezes, é a tabela da CEAGESP-SP, que traz grande variedade de alimentos classificados mensalmente por época de colheita fraca, forte e média. Procure a de sua região e veja como podemos fazer melhores escolhas na hora de comprar. 

No Brasil não tem Halloween em maio mas as abóboras pipocam nesta época, bem como toda a sorte de tubérculos que podemos assar no forno, churrasqueira ou na brasa de uma fogueira numa noite fresca de sábado. 

Então, para você que curte sentir, experimentar e perceber o mundo que constantemente se transforma ao nosso redor, deixo aqui uma série de receitas inspiradoras para preparar com os alimentos do nosso outono brazuca lindo.





Receitas do Café Charlotte:

1. Risotto de carne seca e abóbora;

2. Parfait de caqui e farofa de pé de moleque;

3. Salada de repolho, maçãs e especiarias;

4. Geleia de figo ** e balsâmico;

5. Couscous de quinoa, beterraba, bacon e cenouras;


Receitas dos meus endereços brazucas favoritos:

1. Gnocchi de  beterraba La Cucinetta;

2. Salada de batata doce e figo Chucrute com Salsicha;

3. Muffins de pera com cobertura crocante Technicolor Kitchen;



** figo é fruto de verão mas sua colheita vai até abril, então aproveitem para consumir os últimos da estação!

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Cookies de amendoim [pé de moleque]





Fiz estes biscoitinhos para dar cabo a um saco gigante de pé de moleque moído (o famoso de Piranguinho-MG) que minha irmã me deu de presente e eu me segurei para não devorar tudo no mesmo dia. 

Mas a quantidade era enorme e fazia tempo que não preparava biscoitos. Aproveitei a oportunidade para estrear meus tapetinhos de silicone trazidos da Itália (pois aqui é um roubo!) e fiquei encantada: muito prático: elimina a "untação" de formas e salva a pátria quando você percebe que trouxe todos os ingredientes da receita para casa mas esqueceu de comprar papel manteiga. Já aconteceu comigo algumas vezes.

A receita veio do delicioso, tentador e pecaminoso blog Technicolor Kitchen e nem vou me dar o trabalho de repeti-la aqui, vale a pena a visita!

Única alteração foi a substituição das gotas de chocolate amargo pelo pé de moleque bem despedaçado. Acrescentei também o amendoim torrado e fiz o cookie mais amendoinzudo do pedaço. 

Puro delírio.